Programa RAMA
1 de julho de 2020
O sistema das cadeias de agronegócio, na sua somatória, apontam a parte da originação, os agricultores, responsáveis por cerca de 30% do movimento total (23,6% de participação total do sistema inteiro no PIB do país – Cepea). O dentro da porteira soma cerca de 30% desse valor. Muito bem. Os agricultores são o elo mais frágil. Atuam sob fatores incontroláveis intensos. Não colocam preços nas suas mercadorias, e nos insumos que adquirem. Não definem a política financeira do país. Não comandam o câmbio. Não mandam em São Pedro, no clima, secas. Da mesma forma precisam enfrentar inimigos poderosos como ervas daninhas, pragas e doenças. E além de tudo ainda não contam no Brasil com um regime avançado de seguro, de crédito, de logística, irrigação, de burocracia. Fora isso, dos 5 milhões de propriedades rurais, consta que 4 milhões delas vivem longe do acesso à tecnologia e a mecanização.
Muito bem, a quem cabe a justa proteção dos agricultores? À sociedade inteira do país. Mas ok, quem mais proximamente? Os outros 70% do complexo do agribusiness, cabe exatamente ao mundo corporativo do antes da porteira, a indústria, o comércio e serviços de tecnologias, insumos, mecanização, bancos; ao lado do outro grande irmão do pós porteira das fazendas, agroindústrias, tradings, comércio e serviços, chegando até os consumidores finais, promoverem o valor e a qualidade da originação de alimentos, fibras, energia , madeira e o respeito humano pelos seus originadores. São eles agricultores, pecuaristas, homens e mulheres atuando em tudo o que é originado a partir dos campos, mares, represas, incluindo toda a piscicultura, o poder humano que mais pode comover os outros bilhões de humanos consumidores finais.
Os países mais competitivos e avançados não hesitam em promover sua agroindústria, seu comércio e suas marcas elevando a importância de seres humanos que atuam com dignidade, amor e qualidade de si mesmos e suas famílias nas suas agriculturas. É inteligente uma torrefadora de café mostrar a originação. Brilhante a Colômbia mostrando ao mundo o Sr. Juan Valdez. Idem a holandesinha da Holanda, o American Farmers de todas as suas comissions americanas. E assim assistimos no mundo todo uma inteligência fenomenal de “vender” o melhor do agribusiness com ênfase na mão humana que cuida da terra, da água e que enfrenta como nenhum outro elo das cadeias produtivas o tanto de incerteza e de aspectos incontroláveis a céu aberto, do seu trabalho.
Estaria na hora de uma reunião de lideranças sensatas e colocando seus egos nos cabides, elevando o agribusiness brasileiro ao ponto maior de todas as nossas motivações, compreendendo que só iremos crescer o PIB dobrando o agro de tamanho e que isso passa, sim, por uma união do antes, dentro e pós porteira das fazendas. E programas sensacionais que já temos no país, como Pecuária Sustentável da Amazônia, Eu sou algodão com certificações, a soja de Balsas, no Maranhão, programa Rama, rastreabilidade e monitoramento de alimentos da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) e diversos outros selos, origem geográfica e modelos de produção de baixo carbono, por exemplo, precisam e devem ser corretamente comunicados para todos os stakeholders nacionais e internacionais.
Os agricultores compram brigas que não lhes pertencem. Cabe aos irmãos grandes do antes e do pós porteira das fazendas blindarem os corretos e guerreiros produtores e produtoras do Brasil, e não se esconderem atrás dos mesmos. Meio ambiente, agrotóxicos, bem estar animal, rastreabilidade e saúde humana e em todos os sentidos, precisamos das corporações na correta explicação de todos esses aspectos, das cooperativas e que unidos tenham verbas para comunicação mediática planetária.
Agricultores devem ser devidamente protegidos e defendidos e não expostos e agredidos ou vitimizados. Agricultores são ótimos e os melhores “símbolos de vendas” do complexo inteiro do agribusiness, apesar de representarem cerca de 20% ou 30% na contabilidade inteira da cadeia produtiva. Que líderes lúcidos, sensatos e conscientes iniciem o movimento do novo agro brasileiro. Que as proporções de 10%, 30% e 60% – antes, dentro e pós porteira, sejam justamente divididas e equilibradas na responsabilidade pela imagem do agro nacional.
Ou nos unimos com inteligência ascensional sobre retalhos de egos iludidos, ou perderemos a hora de dobrar o PIB brasileiro de tamanho e isso exige obrigatoriamente dobrar o complexo agroempresarial, cooperativista, tecnológico comercial, industrial e de serviços juntos.
José Luiz Tejon
Fonte: Jovem Pan